Bem, primeiro, tenho que confessar uma coisa aqui: Eu não assisti a premiação. Na verdade, ler a narração dos potterianos em todas as redes sociais que eu pude contar (com direito a comentários sugestivos e surtos de ansiedade e decepção) quase valeu como se eu tivesse assistido. Os fãs começaram tão animados e eufóricos que parecia até estarem entorpecidos pela mesma alegria de sete meses atrás, na estréia de Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2 – e, de certa forma, foram duas ocasiões bastante semelhantes.
“Accio Oscar” era quase um grito de guerra entre os bruxos ansiosos, foi algo delicioso de presenciar! Mas aí veio a primeira categoria em que Harry Potter estava concorrendo e foi como ver as luzes do cinema se apagando para o filme começar: todos felizes, todos na espera. Não levamos a ‘Melhor Direção de Arte’ e nem ‘Melhores Efeitos Visuais’, os dois foram para A Invenção de Hugo Cabret.
O filme é bastante interessante e, com atenção, é possível perceber várias semelhanças entre Hugo Cabret e Harry Potter: ambos órfãos, jovens e estranhos aos olhos das pessoas ao redor. Tanto Harry quanto Hugo foram ‘acolhidos’ pelos tios após a morte dos pais, e os dois nunca receberam afeto desses parentes. Eles até se parecem fisicamente, ambos magros, com cabelos escuros e olhos vibrantes. Mas a principal semelhança entre estes personagens é que nenhum (ou pouquíssimos) dos seus feitos durante a história seriam possíveis sem a presença de amigos.
E ainda neste ponto, Hugo teve menos sorte que Harry: apenas uma amiga, enquanto Harry estava cercado por colegas em Hogwarts. Seu nome é Isabelle, e me fez lembrar a Hermione muito mais do que eu esperava. Isabelle, também órfã e também criada por seus tios, se mostrou, assim como a nossa eterna sabe-tudo, uma menina muito inteligente, focada, determinada e, principalmente, apaixonada por livros e leitura (fator que se tornou determinante em ambas as histórias).
Outra semelhança: adivinhem qual é um dos pontos principais (se não o ponto principal) de A Invenção de Hugo Cabret. Sim, isso mesmo, uma estação de trem!E mais: um importante momento em que folhas de papel voam pelo ar. Faz lembrar algo, não?
Em todo caso, sim, os efeitos de Hugo estavam muito bons, eles realmente mereceram. Mas para Direção de Arte não faltaram varinhas empunhadas e prontas para estuporar qualquer um que dissesse que Harry Potter não merecia levar a estatueta.
Depois veio ‘Melhor Maquiagem’, e junto veio a esperança dos potterianos. Bem, qualquer um que tenha acompanhado todo o trabalho que a equipe responsável pela maquiagem (ou o termo melhor seria ‘transformação?) dos atores em personagens de Harry Potter por meio das notícias e fotos lançadas antes da estréia de Relíquias da Morte parte dois sabe o quanto nós merecíamos levar especialmente essa!
Porém, o inexplicável aconteceu: transformar Meryl Streep em Margaret Thatcher foi considerado melhor do que transformar Ralph Fiennes em Lord Voldemort, Warwick Davis em Grampo e atores de 20 anos (em média) em adultos de 36 anos (isso sem mencionar todos os duendes de Gringotes, todos os ferimentos da batalha de Hogwarts, entre outros).
Se eu tivesse que escolher, diria que essa foi a parte mais decepcionante entre todas que Harry Potter poderia ter levado. Tínhamos todas as chances e depois.... PUF! Assim como o peixinho que a jovem Lily Evans deu de presente ao professor Horácio Slughorn.
Como isso pode acontecer...
... e não levar a estatueta, enquanto isso acontece...
... e a leva?
Pois é. Harry Potter se despede do cinema sem levar nenhum Oscar na bagagem.Voaram maldições imperdoáveis por todos os lugares após isso, tamanha revolta dos fãs através do mundo. Tudo que nos resta agora é esperar que Draco realmente informe Lucio Malfoy dessa vez, quem sabe uma pessoa um pouco mais influente no Ministério da Magia consiga fazer algo quanto a essa situação.
Agora, se eu acho que Harry Potter deveria ganhar o Oscar? Sim. Se eu acho que foi injusto Harry Potter não ter ganho o Oscar? Sim. Se eu fiquei chateada por Harry Potter não ter conseguido? Sim, é claro que sim! Mas pensando melhor nisso depois, eu percebi que nós não precisamos do Oscar.
É claro que seria uma grande honra para todos os potterianos, que seria maravilhoso poder comemorar isso e que seria um encerramento perfeito para os filmes da saga Harry Potter, mas acompanhe meu pensamento: os fãs potterianos são tão unidos (os verdadeiros, eu digo) e fieis. Acompanharam Harry até o fim, sem nenhum Oscar e ainda assim tendo o maior orgulho de todas as outras coisas que a saga conquistou.
Seria incrível se tivéssemos ganhado, mas a verdade é que o Oscar não vai mudar nada: não traria os Lily e James de volta, não impediria os Malfoy de tomar algumas decisões erradas, não pouparia Quirrell de hospedar Voldemort em seu corpo, assim como não pouparia Remus da transformação em lobisomen que lhe atormenta todos os meses. Não provaria a inocência de Sirius quando este foi condenado injustamente, não faria Umbridge ser uma boa professora (tá, mas isso nada faria, ela é um caso perdido), não tornaria fácil a tarefa de procurar e destruir Horcruxes e não salvaria a vida de muitos dos nossos personagens preferidos. O que faz os fãs de Harry Potter nutrirem um amor tão grande pela saga não vai nem vem com o Oscar: é algo muito mais poderoso que isso.
Existe uma estatueta de ouro dentro de cada coração potteriano. O valor desta é inestimável e sua lealdade sempre irá pertencer a Harry Potter.
P.S: Caso queiram me enviar um berrador por eu ter a insolência de escrever uma coluna sobre o Oscar sem ter assistido basta solicitar meu endereço via DM no twitter. Ficarei muito feliz em informar, eu mereço essa.
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