“Aqui vocês vão encontrar a verdadeira diversão. Não na Olimpíada”, já vai avisando o guia na entrada do The Making of Harry Potter, o estúdio em que foram filmados os oito longas que virou museu para os fanáticos da ficção. “E se vocês querem saber: o recorde de permanência de um visitante foi de nove horas e meia, tirando mais de 3.000 fotos, com direito a duas crises de choro e três desmaios”, completa o mestre de cerimônia da visita.
O que o novo território do bruxo adolescente tem a ver com as Olimpíadas? Na verdade, não muita coisa. Os dois tipos de entretenimento estão na mesma região e marcaram para 2012 o seu grande ano (a meca dos pottermaníacos é em Watford, norte de Londres, e abriu as portas em março último).
Por outro lado, a atração cinematográfica não sofreu o esvaziamento de espectadores como aconteceu em outros pontos turísticos, como os teatros e museus do centro da cidade, que ficaram às moscas, enquanto o Parque Olímpico parece um formigueiro. Já no The Making of Harry Potter os passeios têm de ser comprados com antecedência de uma semana, tamanha é a procura neste verão e férias estudantis na Inglaterra.
Com um pouco de esforço, dá até para encontrar um lado esportivo na saga de Harry Potter. E ele possui um nome: o quadribol (quidditch é o termo original), o jogo inventado pela escritora inglesa J.K. Rowling, autora dos sete livros sobre o aprendiz de mago que se transforma em herói ao combater um time maldoso capitaneado por Lord Voldemort (olha aí outra coincidência: esse bruxo apareceu em forma de boneco gigante na cerimônia de abertura dos Jogos).
Na loja, para onde desemboca o visitante ao final, estão à venda todos os itens para se jogar o quadribol. A quaffle ball, bola com duas cavidades, sai por 15 libras (R$ 45). A golden snitch, bolinha com asas batendo a pilha, custa 12 libras (R$ 36). E as camisetas dos times (Corvinal, Grifinória, Lufa-Lufa e Sonserina) têm preço, em média de 24 libras (R$ 72).
Segundo sua criadora, o quadribol é disputado pelos bruxos voando em vassouras mágicas pelo ar. Cada time tem sete integrantes, com quadro bolas em jogo e seis aros como metas. O curioso é que esporte foi adotado pelos nerds e há até associação internacional e copa do mundo para ele desde 2007.
Sem contar com a magia, o praticante real é obrigado a correr com uma vassoura entre as pernas e a bola na mão numa espécie de “handebol para faxineiros”. O último torneio, em 2011, aconteceu em Nova York (veja vídeo abaixo com imagens da competição), reunindo universitários dos Estados Unidos e Canadá.
A série Harry Potter vendeu mais de 500 milhões de exemplares e foi traduzida para 67 idiomas. Não por nada, Rowling tornou-se a mulher mais rica na história da literatura. Adaptado para cinema, a saga continuou enchendo os bolsos da inglesa, afinal, é a série mais bem-sucedida da história do cinema (os oito longas estão entre as 35 películas mais vistas de todos os tempos).
O Warner Brothers Studio Tour de Londres foi uma fábrica de aviões desde a Segunda Guerra Mundial até 1994, quando começou a ser recondicionada como estúdio de cinema.Em 2000, as filmagens de Harry Potter começaram por ali e duraram mais de dez anos.
“Eu passei minha adolescência aqui. Pode parecer um clichê, mas éramos uma grande família. Era divertido, mas também era trabalho”, descreve o ator Daniel Radcliffe no vídeo que abre a visita. A tela mostrando a fachada da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts sobe, e o que vê por atrás é o mesmo cenário usado no filme, cuja porta abre para receber os forasteiros nesse mundo encantado da literatura e cinema juvenis.
Há milhares de artefatos, cenários, maquetes, máscaras, figurinos e peças de decoração utilizados nas filmagens. Na parte ao ar livre, há também a lanchonete que vende a fictícia butterbeer, que tem gosto de refrigerante de guaraná e cobertura de chantilly.
As crianças ficam fascinadas diante das peças, mas a verdadeira agitação acontece na loja, quando podem comprar varinhas (25 libras ou R$ 75), vassouras (indo de 25 a 250 libras) e capas de bruxo (75 libras ou R$ 225). Depois, os pais têm que fazer mágica para pagar tantas quinquilharias que as crianças querem.
As entradas custam 28 libras (R$ 84) para os adultos, 21 libras (R$ 63) para as crianças e só podem ser adquiridas pelo site do estúdio inglês da Warner Brothers.
Fora esse tour pelo estúdio em Watford, há também excursões pelas locações verdadeiras por Londres e pela Inglaterra, com uma abrangência dependendo do tamanho do fanatismo do turista.
Quem quiser ver todos os locais terá que passar pelas catedrais de Durham e de Gloucester, a biblioteca Bodleian em Oxford e o castelo de Alnwick, em Northumberland.
Se for passear pela Londres de Harry Potter, terá iniciar o trajeto na estação King`s Cross, de onde sai o trem para escola de feitiçaria na plataforma 9 ¾. Há um carrinho de mala encravado em uma parede de lá fazendo referência ao mago adolescente.
Depois o roteiro passa pelo Leadenhall Market, pela Reptile House (no zoológico londrino), por Piccadilly Circus, pelas pontes Millennium Bridge e Lambeth Bridge, pela avenida Charing Cross Road e finalmente pela estação Westminster do metrô. Quem quiser voltar para a Olimpíada é só sair do metrô e pegar a Parlament Street que leva até o local de competição do vôlei de praia, mas ali a magia é outra: recriar uma praia cenográfica no sisudo centro de Londres.
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