Muitos Potterianos sentiram imenso desejo de se mirar no espelho de Ojesed e conhecer qual o seu mais desesperado desejo. Não é de se negar que ele é um artefato muito interessante, mas também muito triste e por que não dizer: tenso? Como bem disse David Colbert, autor do livro O Mundo Mágico de Harry Potter:
“Os espelhos são, principalmente, reflexos de nós mesmos, para o Bem e para o Mal. É por isso que podem se tornar perigosos. O Espelho de Ojesed em A Pedra é um bom exemplo deste tipo de espelho”.
Ou seja, nem sempre o que nossa mente oculta no mais profundo recanto de nossa alma é algo feliz. No mais das vezes, o espelho mostra um elemento em primeiro momento satisfatório, mas que numa segunda avaliação, com mais calma, mente mais fria, indica nada mais nada menos do que a raiz de uma frustração, de uma perda de uma lacuna na vida de quem se mira nele, por isso o perigo de se cair na mais completa loucura ao perder-se na contemplação viciosa do seu desejo mais sincero, profundo e desesperado e, que na grande maioria das vezes, não pode alcançar.
O espelho mostra aquilo que desejamos e que não temos, pode-se até afirmar que o espelho mostra o lado vazio da alma de quem se mira nele, mostra o que lhe faz falta. O reconhecimento do que ansiamos e não temos, gera tristeza e a tristeza desemboca na depressão e esta, em loucura. Dumbledore sabia disso, a constante contemplação daquilo que se deseja com todas as forças da alma e não se tem poderia tirar a sanidade de qualquer um. Mesmo sendo um artefato mágico usado como chave para se obter a Pedra Filosofal, o espelho de Ojesed funciona basicamente como um teste de caráter. O egoísmo e a vaidade, sentimentos que alimentam o desejo de contemplar o espelho, são características que facilmente corrompem qualquer indivíduo. O espelho traz oculta a mensagem de que somente as pessoas portadoras de virtudes raras como a que as faz olhar o espelho e ver outras pessoas (Harry vê a família) ou vislumbra a si mesmo executando um ato despretensioso (desejo de impedir que a Pedra Filosofal chegue às mãos de Voldemort), merecem alcançar o que desejam. Harry desejava uma família, Ron desejava se sentir vencedor e importante, Dumbledore, desejava seus familiares mortos...supõe-se que a imagem que o espelho geraria para Snape seria o reflexo de Lílian.
Na primeira vez que o espelho aparece, ele instantaneamente surge como algo maravilhoso e bom, depois soa perigoso e a advertência de que ele pode levar a loucura, nos deixa pensativos. Nem sempre o que desejamos está ao nosso alcance, nem sempre é realizável, no entanto a sua natureza ligeiramente dúplice (felicidade e tristeza), além de testar o caráter daqueles que o miram, tem duas outras funções de cunho psicológico sobre os seus contempladores. Primeiro lhes oferece o lenitivo de encarar seu desejo, reproduzindo-o de maneira quase palpável, quase concreta, mas não passando de mera ilusão. Em segundo, ele proporciona uma auto-análise no momento em que se sabe o que se deseja de fato, de maneira clara e desimpedida, o espelho fornece elementos para que o sentimento gerado pelo desejo mais desesperado possa ser encontrado em outras fontes. Harry queria uma família, o seu desejo foi canalizado para a adoção da família Weasley, Ron queria ser importante, canalizou esse desejo em tornar-se um amigo incondicionalmente disposto a lutar ao lado de Harry, Dumbledore canalizou a dor pela perda da mãe, pai e irmã na luta contra a intolerância. Snape aplicou-se em proteger o filho da mulher que amava. As canalizações podem não ter sido 100% satisfatórias, mas amenizaram a frustração e angústia de não se poder alcançar o que o espelho lhes revelou como sendo o seu desejo mais desesperado.
Mesmo não podendo nos observar nesse espelho mágico (guardado em algum recanto de Hogwarts), podemos ter uma noção, mesmo que pálida, do que ele nos mostraria, ele me mostraria um ente muito querido que partiu muito jovem... E você? O que imagina que o espelho materializaria em sua superfície para sua contemplação?
Para mim que estou iniciando a leitura da saga agora (estou no começo do livro "Harry Potter e a Ordem da fênix".... Esse é o artefato mais interessante. Eu não me conheço o suficiente, mas se eu pudesse em escolher uma varinha à oportunidade de ver esse espelho eu preferia o espelho. Sei que se soubesse iria me conhecer muito mais..... Excelente artigo!!
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