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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

[COLUNA] Anjos & demônios

Anjos & demônios


Não, não irei falar sobre o livro de Dan Brown , a questão de hoje vai correr por entre as quatro casas de Hogwarts, as quatro famílias escolares, as quatro distinções. O que a princípio pareceu uma ótima ideia para dar consenso e fim a uma briga entre os quatro fundadores de Hogwarts quanto ao tipo de bruxos a educação mágica deveria ser direcionada, proporcionou o que nossa colega Jade Arbo brilhantemente expos no artigo publicado na quinta-feira passada: a segregação entre os alunos. Mas, como eu disse, o assunto já foi muito bem abordado pela Jade, meu foco aqui será outro.

Partindo do princípio da segregação, despencamos dolorosamente (e por que não dizer vergonhosamente?) no favoritismo, elegemos esta ou aquela casa como a detentora de todo o bem ou de todo o mal. Surge então o estigma do anjo ou do demônio. Nossa adorada J. K. Rowling lida com esse assunto de modo a nos levar constantemente a reavaliar o que pensamos em primeira instância ao apreciar determinada situação ou personagem. Lendo Harry Potter, aprende-se que não se deve julgar apressadamente, pois raras são as vezes em que o primeiro julgamento está correto. Muitas vezes tivemos que dar a cara a tapa por demonizar anjos e angelizar demônios. Assim foi ao pensar que Quirrel e o falso Moody eram bonzinhos e que Lockhart era o cara. Foi assim ao pensar que Sirius era um assassino e que Lupin era seu cúmplice, foi assim ao julgar Severo Snape um traidor covarde.

Certo, mas o que as casas têm a ver com essas comparações? Bom, para quem leu todos os livros com muita atenção, e potteriano que é potteriano fez isso diversas vezes, percebeu que nenhuma casa é absoluta na luz ou nas trevas, a casa que começou favorita e gloriosa foi mostrada ao longo dos livros como passível de ter frutos ruins como qualquer outra. Ora do que você está falando, Aline? Estou falando da Grifinória e do nosso colega Rabicho, Pedro Pettigrew, um legítimo aluno da casa de Godric. Toda a tradição de coragem da sua casa não o impediu de ser um dos mais covardes e desleais representantes dela. Sejamos só um pouco menos românticos e observemos uma “gangue” chamada “marotos”, perseguir e perturbar colegas tímidos e desajeitados não é um bom exemplo de coragem e nobreza, ou estou enganada? E de qual casa eram os marotos? Antes que a torcida organizada da Grifinória me enderece berradores e envie dezenas de azarações, gostaria de ressaltar que estou aqui para mostrar que todas as casas possuem seus anjos e demônios. Mostrei primeiro os demônios da Grifinória, porque seus anjos já são muito bem propagandeados, obrigada. As demais casas sofrem do estigma do coadjuvante, ficam mais à sombra e por isso vão precisar de mais holofotes aqui, compreendam...

Vamos para a Corvinal, a casa dos inteligentes e alertas, preciso apontar os anjos aqui? Também não, a casa teve seu lugar ao sol. Rowena certamente estremeceu de desgosto ao notar que Quirrel (sim, ele era um corvinal) havia se bandeado para o lado das trevas. A inteligência faltou a corvinal Marieta Edgecombe ao dedurar a Armada de Dumbledore para a alta inquisidora Umbridge (ela realmente achou que isso ajudaria a mãe que trabalhava no Ministério...).

Lufa-Lufa, a casa dos bons de coração, sempre dispostos a ajudar e a compreender o próximo. Antes de mostrar o que de contrastante a casa pode oferecer, quero comentar a declaração da atriz Evanna Lynch, intérprete de Luna nos filmes de Harry Potter que disse: “não, eu não vou dizer o meu nome de usuário Pottermore até que eu tenha, totalmente, absolutamente 100% de certeza que não sou da Sonserina ou da Lufa-Lufa.” O que você acha? É ou não é preconceito? Isso me remete a um rumor que corre pelos corredores de Hogwarts numa clara prática de estigmatização entre “melhores” e “piores”. Dizem as más línguas que tudo o que não serve para as outras casas o Chapéu Seletor manda para a Lufa-Lufa. Isso é um crime! Dos quatro fundadores, considero o discurso de Helga Hufflepuff o mais condizente ao afirmar que todos aqueles com boa vontade de aprender, deveriam ser aceitos em Hogwarts. Exemplo de um Lufa-Lufa que pode rivalizar em esperteza, habilidade e inteligência com as demais casas é Cedrico Diggory (pulem o ator), foi indicado campeão de Hogwarts por reunir qualidades suficientes para representar a escola no torneio Tribruxo. J.K. foi brilhante nessa escolha, ver-se uma clara ação para derrubar o preconceito que rondava a casa dos bons de coração. Certo, cadê o contraste? Justino Finch-Fletchley, lembram dele? O aluno da Lufa-Lufa que passou boa parte do segundo ano de Harry acusando-o de ser o herdeiro de Sonserina? Incitando os demais colegas a temê-lo e a afastarem-se dele? Cadê a bondade em sair acusando? Outros alunos da mesma casa, uma vez ou outra caíram na mesma prática, Helga deve ter ficado muito triste com isso... Que feio, crianças!

Agora a casa de Salazar Sonserina, o espaço dos astutos e ambiciosos. Como bem disse nossa colega Jade, astúcia e ambição não são propriamente defeitos são atributos humanos que propiciam voos espetaculares. Os demônios dessa casa já foram muito bem expostos ao longo da série induzindo todos a uma revoltante postura de condenação generalizada. Se o bruxo está na Sonserina, este não merece confiança, amizade ou aproximação. J.K. Rowling, no livro seis e sete nos deu elementos com os quais matutar a respeito dessa postura preconceituosa em relação à casa de Salazar. No livro seis, conhecemos Horácio Slughorn um ex-professor de poções e ex-diretor da Sonserina, ex-aluno da casa que dirigiu. O que podemos achar de Horácio? Um cara legal, não? Sim, é um cara legal. Temos ainda Andrômeda Black, mãe de Ninfandora Tonks, ao que tudo indica, Andrômeda foi uma boa bruxa que teve suas potencialidades favorecidas em sua casa (Sonserina), mais adiante encontramos Regulus Black (livro sete), seguindo a tradição familiar, pertenceu a Sonserina. Entrou para o grupo de Voldemort, mas possuía clareza de conduta o suficiente para se arrepender e entregar a vida para tentar por fim a uma das horcrux. Não vamos esquecer de Fíneus Nigellus, ex-diretor de Hogwarts, foi da Sonserina e deu uma boa parcela de contribuição ao longo da direção de Dumbledore e da guerra contra Voldemort. E o expoente dos anjos da Sonserina não poderia ficar de fora: Severo Snape, que permaneceu batalhando em prol do bem durante a guerra do início ao fim, sustentado pela coragem grifinória, inteligência corvinal, altruísmo lufo e astúcia sonserina! Essa foi uma baita de uma rasteira no preconceito dirigido aos alunos da casa de Salazar.

É isso meus amigos, todas as casas têm anjos e demônios, nenhuma é detentora do bem ou do mal absoluto até porque “são as nossas escolhas que revelam o que somos, muito mais do que nossas qualidades” (Dumbledore), e as escolhas independem da casa. Não fiquem apavorados quando forem submetidos ao Chapéu Seletor no Pottermore, todas as casas são dignas de honra, glória e respeito.

Aline Freitas

por Gustavo D.

2 comentários:

  1. Fico feliz que nossas culunas se complementem em prol de uma galera potteriana mais mente-aberta. É uma luta válida e necessária.
    Parabéns pela coluna, Aline!

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  2. Muito boa exposição. Confesso que eu mesma tenho certo preconceito contra a Sonserina, e teu texto me deu uma bela sacudida. Parabéns!

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