Do nosso amigo peludo, Vulck...

Uma Carta A Sirius Black

De canino para canino

MR. S. Black 
Além do véu.

        Caro Sirius, esta semana fui apresentado aos pormenores da vida de um pequeno bruxo, afilhado seu, pelo que me consta, de quem tanto falam. Assim, adentrando neste mundo de magia, detive-me em sua história e, confesso, fiquei extremamente encantado com a arte que desenvolveu. Animago, como nomearam esse ápice da magia canina. Quero dizer... um dia estar andando normalmente sobre suas quatro patas e, de repente, “PUF”, transformar-se em um homem esguio, com polegares aptos para segurar coisas. O que pode ser mais incrível?

        Na manhã nebulosa de hoje, mantive-me deitado sobre uma orla clara durante cerca de uma hora, tentando imaginar que tipo de homem eu seria, se gordo, baixo, ou talvez careca, e meus pensamentos voaram soltos entre as diversas coisas que seria capaz de fazer. Em um abrir e fechar de olhos, cheguei a pensar que havia funcionado comigo também, que realmente tivesse dado certo, que minhas patas tornavam-se mãos e eu podia finalmente escrever as minhas histórias. Flutuei como um menino, mas quando o devaneio tornou-se mais leve até finalmente esvair-se, vi-me em meu corpo de cão, mero sonhador, com as mesmas unhas alongadas e patas peludas. Foi apenas um sonhar acordado para mim, mas para você não é assim. Um cachorro de sorte você é.

        Enfim, não foi para importunar com minhas lamúrias que decidi escrever, mas para dizer que serás para sempre um ídolo para mim, aquele que me ensinou que o mundo não se divide em pessoas boas e más, que todos temos luz e trevas dentro de nós. “O que importa é o lado pelo qual decidimos agir. Isso é o que realmente somos.”, você disse. Guardo uma imagem sua na cabeceira da minha cama e, um dia, contarei aos meus filhos o que esse grande cão negro foi capaz de fazer. Boa noite Sirius. Espero que esteja bem.

PS: Peço desculpas se o morcego parecer um tanto rústico. É meio difícil encontrar corujas hoje em dia.

De: Vulck

por Gustavo D.