[COLUNA] Comparações...

Antes que você fique no vácuo e não entenda nada com nada do que vai ler abaixo... veja esse post!

Comparações... T/Crepúsculo X Harry Potter

Olá potterianos, fazendo a visitinha sagrada de todos os dias (e horas) à página do OG, dei de cara com a postagem (para nosso riso) de uma descabida “analise comparativa” de uma fã de Crepúsculo (amigos meus chamam de Trepúsculo, preciso dizer por quê?), afirmando que a magnânima J.K. Rowling havia copiado aquele triângulo amoroso água com adoçante vencido que a Stephenie Meyer arrastou do princípio ao fim de sua “serie”. Num esforço titânico, a leitora de Crepúsculo soltou a seguinte intertextualização: “essa coisa do triângulo amoroso Snape/Lily/James é igualzinho a Crepúsculo”. Misericódia! Se o simples fato da existência de um triângulo amoroso fosse suficiente para que alguém saísse taxando a situação de uma obra como idêntica a da  outra, a literatura estava perdida! Agora me diz, você leitor consciente, qual contexto podemos extrair da geometria amorosa de Crepúsculo? Temos lá três elementos pensando em sexo quase o tempo todo (nos intervalos, os rapazes pensam em cantadas para ganhar a mina e a mina, qual dos caras ela pega primeiro)! O que dizer dos personagens de J.K.? Gente, além de não haver nem leve insinuação sexual (“não vendemos sexo” – Emma Watson/Hermione), há muito contexto, muita história, muito pano pra manga, há uma teia vasta de histórias que apóiam-se dando sentido umas as outras, as ações e reações são pautadas em causas e ideais e não em libido!

            Vamos a uma análise ponto a ponto do post, não desprezando o esforço “intelectual” da poser em questão, vamos usar suas comparações e ver a até onde vai a falta de noção. Bom, a autora do comentário começa fazendo uma pergunta, no mínimo, absurda: “Por que vocês não gostam de Crepúsculo?” (alguém aí se lembra da clássica trilha sonora do filme Psicose, tipo, cena mostrando a sombra de uma faca atrás da cortina do box? Sintam o drama). Resposta à pergunta da poser: não apreciamos Crepúsculo, porque temos alguns milhões a mais de neurônios em pleno funcionamento, buscamos num livro muito mais do que conflito entre hormônios e fantasias sexuais sado masoquistas de uma adolescente de personalidade amorfa e, além de tudo, preferimos conteúdos ricos com os quais possamos nos divertir e aprender sobre geografia estrangeira, latim, mitologia (não passá-la no moedor de carne e temperar com purpurina), história, valorizar amizades, união, trabalho de equipe, ter ideais, ser perseverante e fazer o que é certo e não o que é mais fácil.  Quanto à comparação dos personagens de J.K e Stephenie... Galera, foi uma furada com a faca de cortar pão... “Snape é Edward por ser pálido e todo mundo acha que ele é um vampiro”, como é que é? Todo mundo acha que Snape é um vampiro?! Todo mundo cara pálida? Eu já falei que água de privada não deve ser consumida, faz muito mal...

Onde Snape (o nosso adorado mestre em poções) pode ser comparado com um vampiro que brilha ao sol?! Snape não é uma lantejoula! Certo, certo, vamos partir para o bateu, levou – Snape: professor, mestre em poções, um gênio do mundo mágico; Edward: voltou para o colegial uma porrada de vezes (fez até coleção de quepes de formatura, que meeeeeigo!), porque não tinha mais nada pra fazer da vida (ops! Morte) e devia continuar se portando como um adolescente mesmo depois de completar cem anos (entusiasmante...); Snape: agente secreto poderoso, braço direito da maior sumidade da magia, ludibriou com eficiência invejável o maior terrorista de seu tempo; Edward: tem um mega topete de Elvis Presley que milagrosamente não desfia nem depois de dar uns pinotes pela floresta; Snape: não tá nem aí para o cabelo, tem coisas mais importantes para fazer; Edward: vive com a testa coçando, Bella sem sal vira e torna tá de olho no lobisomem de pet shop; Snape: equilibrado e perspicaz; Edward: tem chiliques sempre que percebe que Bella sem sal se mete numa roubada; Snape: você prende o fôlego quando ele aparece; Edward: você prende o riso quando ele surge (mas quando ele brilha, é insuportável, você ri). Bom, não vou me alongar aqui, até porque tem outros disparates como este: “James é o Jacob, pois pode mudar de forma e praticar esportes”. Se eu pudesse, quebraria o nariz do James por ter perseguido o Snape numa imoral desvantagem de quatro pra um, mas acho que a comparação foi mais cruel que um murro no meio da cara, essa doeu até em mim James... Primeiro, James Potter foi o escolhido pela mocinha, Jacob pegou toco da mocinha; segundo: James realmente praticava esporte, mas desde quando o lobisomem de pet shop era esportista? Correr feito cachorro no sereno dentro da floresta é esporte? Ah, tá...

Agora vem a dedada na costela: “Lily é  Bella, pois é por ela que eles brigam e ela tem um escudo de amor que protegeu o filho dela, e ela tem habilidades especiais e tal”. Pobre Evans... Ok, vamos lá: para começar, Snape detestava James porque era um metido, James odiava Snape porque o achava esquisito, odiavam-se antes mesmo de se descobrirem gostando da mesma garota. Tal descoberta apenas aumentou o ódio do futuro professor de poções por James. Detalhe: Snape nunca confessou a ninguém, além de Dumbledore, o seu amor por Lílian, suportou tudo calado, na dele. A coisa só vazou porque junto com as lembranças que forneceu a Harry antes de morrer, foram informações sobre seus sentimentos em relação à mãe do garoto. Logo, os dois não viviam brigando por ela, odiavam-se por razões outras e posteriormente, também por Lily, mas cada um na sua, sem dá muita bandeira. Agora, o vampiro refletor e o dog extragrande, faziam corte aberta à fêmea, disputando-a no tapa, arreganhavam as presas um para o outro sempre que possível pra vê quem levava a aprenda. Juravam-se de morte e tudo! Para concluir essa parte: Lílian não tinha um escudo de amor como um acessório que liga e desliga (como Bella sem sal), ela criou um, via encantamento, entregando a própria vida. Nota-se que o mundo mágico de Harry Potter parece muito mais real no que diz respeito à vida e a construção dos personagens, Crepúsculo é, ironicamente, um conto de fadas (que brilham ao sol) bem ao estilo romântico medieval em que tudo gira em torno da dama e dos cavalheiros e não há nada mais além disso. Para quem gosta de romantismo açucarado, Emo e previsível, não se acanhem, leiam Crepúsculo. 

Não, ainda não acabou, tem o “genial” fechamento da análise da coleguinha poser leitora de Crepúsculo: “Talvez a J.K. Rowling tenha roubado essa idéia de Lua Nova, pois ela não disse que o Snape amava a Lily até o último livro, e esse livro foi lançado depois de Lua Nova”. Juro, eu não vou ser cruel... EU VOU SER MALÍGNA! O que eu falei sobre não beber água da privada?!

J.K roubou a idéia de Stephenie??? Ah,  espera aí, se não sabe ler com o mínimo de atenção, lógica e dedução possível  não arranhe! Os elementos que indicavam o amor de Snape por Lílian estão espalhados ao longo dos volumes da saga que tem mais de uma década e o livro que a poser aponta como publicado depois de Lua Nova (Harry Potter e as Relíquias da Morte), apenas juntou os pontos da equação que vinha sendo exposta há anos. Harry Potter é leitura de conteúdo profundo coleguinha, não é só a narrativa açucarada de uma adolescente Emo, depressiva, com distúrbios de socialização e complexo de insignificância, sem falar na ausência de feminilidade que passa uma imagem andrógena da personagem. A saga Crepúsculo faz cócegas em meia dúzia de células nervosas, não mais que isso. Stephenie não pede a seus leitores para juntarem dois mais dois, a saga é tão óbvia que dá nos nervos. No mais, acusar J.K de roubar uma ideia de Stephenie é no mínimo ingenuidade e no máximo, muita falta de noção! Leiam Harry Potter e abram suas mentes.

 

Aline Freitas

Como eu disse semana passada... Sua opinião não é o anel do Gollum, mas é preciosa pra gente! Então bora dar o seu anel... digo... sua opinião (:

por: Gustavo D.